A queda de John Edwards?

Em 1999, em pleno escândalo de Mónica Lewinski, um Senador disse o que pensava sobre Bil Clinton: “Penso que o presidente demonstrou desrespeito pelo seu cargo, pelas dimensões morais da liderança, pelos seus amigos, pela sua esposa e sua filha”. O seu nome era John Edwards.

O caso extra matrimonial de John Edwards é bem capaz de ter sido o último capítulo de uma brilhante carreira política, que chegou a prometer chegar à Casa Branca. Eleito em 1998 para o Senado, Edwards era um advogado de sucesso, tendo feito fortuna na barra do tribunal em defesa dos consumidores contra grandes empresas. Nas primárias de 2004 não conseguiu obter a nomeação, mas impressionou os Estados Unidos, ao ponto de ter sido escolhido por John Kerry para seu Vice-presidente. Para a candidatura em 2008, abandonou o discurso centrista, e virou à esquerda, assentando a sua candidatura na mensagem anti-pobreza. Não fosse este o ano de Barack Obama, e talvez tivesse tido a oportunidade de derrotar Hillary Clinton. As sondagens da época indicavam que era o democrata que mais facilmente derrotaria os seus opositores republicanos. E era um nome que constava nas preferências de Barack Obama para VP. Ontem, essa possibilidade deixou de existir.

Claro que declarar a morte política por um caso destes é precipitado. Veja-se o próprio caso de Bill Clinton. Mas a breve prazo, Edwards estará condenado ao ostracismo político. Não vai ser candidato a VP, e nem sequer deverá ter um palco na Convenção Democrata para discursar.

A hipocrisia em política paga-se caro. Admiro as qualidades políticas de John Edwards. Mas não soube lidar com este caso. Deveria ter assumido desde o inicio e não manter a mentira. Além de que teve no passado posições moralistas, que agora não lhe ficam bem. Veremos se continuará a ser uma voz activa no Partido Democrata.